Hoje o peixeiro chamou-me á sua pequena motorizada garantindo que tinha algo especial. Na celha de plástico repousavam três pescadas enormes, gordas e com os olhos arregalados
a frescura do peixe vê-se nas guelras vês o sangue quer dizer frescura
Perdia-me a ver o meu avô cozinhar. O à-vontade com que amanhava os peixes tacteando anatomias de cór
como é que conheces os peixes todos vô, lembra-te tu és de uma família de pescadores.
O aroma dos cominhos e a purpura do colorau. o vinho. Uma explosão quase saturada de sabor e gordura
tu havias de os vêr na marinha toda a gente gostava e o teu avô sempre soube cozinhar tão bem
Mexer nos ingredientes sem escrúpulos que não fossem o prazer da cozinha e de comer com os outros. Um verde para compôr a travessa e a antecipação do pão sobre o molho. E no fim comer com a boca, com os olhos e com a alma. Estava óptimo.