limites

quando era novo o mundo afigurava-se-lhe de uma forma completamente diferente. Tudo era percorrível e as cercas nada mais faziam que marcar lugares como tabuletas. Serviam de orientação. As pretensões de quem queria guardar o mundo pareciam-lhe inúteis, aliás, vãs e presunçosas, como se fosse possível prender os homens a tracejados imaginários para além do percurso das vontades e em especial, da curiosidade.
como tudo mudou
Não havia qualquer transição evidente. Mas agora parecia-lhe que num processo inverso se dava a restituição da propriedade a estas pessoas. Já nada lhe parecia seu ou acessível. Como se os muros e as vedações se tornassem finalmente objectos reais, encarnassem alguma intrínseca função. Via as faces das pessoas, desconfiadas e grosseiras e apenas a estrada lhe parecia tímidamente sua por direito, cercada por rostos opacos, por sentimentos ambigúos. Sentiu-se ligeiramente oprimido naquela linha que desenhavam os seus passos.